No post de hoje, quero compartilhar com vocês um texto extraído do site Olhar Animal, em que o autor Biólogo Sérgio Greif, fala sobre as pesquisas feitas em animais. Vamos nos aprofundar cada vez mais nesse assunto, pois só assim poderemos acabar com a crueldade e realmente avançar nas pesquisas, pois não precisamos desenvolver novos remédios a partir da dor e morte de seres inocentes. Reflitam:
"Se um pesquisador propusesse
testar um medicamento para idosos utilizando como
modelo moças de vinte anos; ou testar os
benefícios de determinada droga para minimizar os
efeitos da menopausa utilizando como modelo
homens, certamente haveria um questionamento
quanto à cientificidade de sua metodologia.
Isso porque
assume-se que moças não sejam modelos
representativos da população de idosos e que
rapazes não sejam o melhor modelo para o estudo de
problemas pertinentes às mulheres. Se isso é
lógico, e estamos tratando de uma mesma espécie,
por que motivo aceitamos como científico que se
teste drogas para idosos ou para mulheres em
animais que sequer pertencem à mesma espécie?
Por que
aceitar que a cura para a AIDS esteja no teste de
medicamentos em animais que sequer desenvolvem
essa doença? E mesmo que o fizessem, como dizer
que a doença se comporta nesses animais da mesma
forma que em humanos? Mesmo livros de bioterismo
reconhecem que o modelo animal não é adequado.
Dados
experimentais obtidos de uma espécie não podem ser
extrapolados para outras espécies. Se queremos
saber de que forma determinada espécie reage a
determinado estímulo, a única forma de fazê-lo é
observando populações dessa espécie naturalmente
recebendo esse estímulo ou induzi-lo em certa
população.
Induzir o
estímulo esbarra no problema da ética e da
cientificidade. Primeira pergunta: será que é
certo, será que é meu direito pegar indivíduos e
induzir neles estímulos que naturalmente não
estavam incidindo sobre eles? Segunda pergunta:
será que é científico, se o organismo receber um
estímulo induzido, de maneira diferente à forma
como ele naturalmente se daria, será ele modelo
representativo da condição real?
Ratos não
são seres humanos em miniatura. Drogas aplicadas
em ratos não nos dão indícios do que acontecerá
quando seres humanos consumirem essas mesmas
drogas. Há algumas semelhanças no funcionamento
dos sistemas de ratos e homens, é claro, somos
todos mamíferos, mas essas semelhanças são
paralelos. Não se pode ignorar as diferenças, as
muitas variáveis que tornam cada espécie única.
Essas diferenças, por menores que pareçam, são tão
significativas que por vezes produzem resultados
antagônicos.
Testes
realizados em ratos não servem tampouco para
avaliar os efeitos de drogas em camundongos. Isso
porque apesar de aparente semelhança, ambas as
espécies possuem vias metabólicas bastante
diferentes. Diferenças metabólicas não são
difíceis de encontrar nem mesmo dentro de uma
mesma espécie, admite-se que as drogas presentes
no mercado são efetivas apenas para 30-50% da
população humana.
Na prática o
que acontece é que um rato pode receber uma dose
de determinada substância e metabolizá-la de
maneira que ela se biotransforme em um composto
tóxico. A toxicidade mata o rato, mas no ser
humano essa droga poderia ser inócua, quem sabe a
resposta para uma doença severa. Por outro lado, o
teste em ratos pode demonstrar a segurança de uma
droga que no ser humano se demonstre tóxica.
Centenas de
drogas testadas e aprovadas em animais foram
colocadas no mercado para uso por seres humanos e
precisaram ser recolhidas poucos meses após, por
haverem sido identificados efeitos adversos à
população. Se as pesquisas com animais realmente
pudessem prever os efeitos de drogas a seres
humanos, esses eventos não teriam ocorrido. Dessa
forma, pode-se inferir que a pesquisa que utiliza
animais como modelo não só não beneficia seres
humanos, como também potencialmente os prejudica.
O modelo de
saúde que defendemos é aquele que valoriza a vida
humana e animal. Os interesses da indústria
farmacêutica e das instituições de pesquisa que
lucram com a experimentação animal não nos dizem
respeito. Buscamos por soluções reais para
problemas reais.
Os maiores
progressos em saúde coletiva se deram através de
sucessivas mudanças no estilo de vida das
populações. Há uma forte co-relação entre nossa
saúde e o estilo de vida que levamos. Se nosso
estilo de vida é dessa ou daquela forma, isso
reflete em nossa saúde. Está claro que as doenças
sejam reflexo, em grande parte, de nosso estilo de
vida e que a cura deva estar em correções nesses
hábitos".
Sobre o autor:
Biólogo
formado pela UNICAMP, mestre em Alimentos e
Nutrição com tese em nutrição vegetariana pela
mesma universidade, docente da MBA em Gestão
Ambiental da Universidade de São Caetano do Sul,
ativista pelos direitos animais, vegano desde
1998, consultor em diversas ações civis publicas e
audiências públicas em defesa dos direitos
animais. Co-autor do livro "A Verdadeira Face da
Experimentação Animal: A sua saúde em perigo" e
autor de "Alternativas ao Uso de Animais Vivos na
Educação: pela ciência responsável", além de
diversos artigos e ensaios referentes à nutrição
vegetariana, ao modo de vida vegano, aos direitos
ambientais, à bioética, à experimentação animal,
aos métodos substitutivos ao uso de animais na
pesquisa e na educação e aos impactos da pecuária
ao meio ambiente, entre outros temas. Realiza
palestras nesse mesmo tema. Membro fundador da
Sociedade Vegana.
Fonte: Olhar Animal
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